Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Na linha da frente da retoma (se nos deixarem sobreviver)

03/02/2021

Esta ausência da manutenção da atividade, que causou particular surpresa considerando que todas as outras atividades elencadas na cadeia da aquisição de imóveis continuam a laborar (desde a construção, passando pelo sector financeiro ou pelos notários) levaram o sector imobiliário a unir-se e a subscrever uma carta aberta dirigida ao Presidente da República, ao Primeiro-ministro e ao Ministro da Economia, apelando o enquadramento desta atividade num regime de exceção que permita aos mediadores imobiliários a possibilidade de agendarem visitas presenciais a imóveis, cumprindo todos os protocolos de higiene e segurança implementados pela Direção Geral de Saúde.

Esta carta aberta que conta já com mais de três mil signatários, reforça que esta situação não é só injusta, colocando os cidadãos numa situação de fragilidade uma vez que a casa está intimamente ligada ao curso de vida das pessoas e famílias, mas escancara também as portas para a mediação ilegal, debilitando o combate ao branqueamento de capitais.

Claro que o recurso a visitas virtuais é uma alternativa que pode e deve ser considerada pelos profissionais do sector, no entanto, é absolutamente residual o número de negócios que se efetuam exclusivamente por esta via, pois dificilmente alguém compra ou arrenda um imóvel sem o sentir, sem o ver com os seus olhos.

Perante este panorama, os mediadores imobiliários ficaram assim absolutamente desprotegidos, uma vez que o seu CAE não foi integrado nas anunciadas medidas de apoio ao tecido empresarial, como os programas APOIAR, algo que não é só injusto mas também revelador da desconsideração por uma classe da qual dependem, diretamente, cerca de 40 mil pessoas, para não falar dos que dele dependem indiretamente.

Esta é uma classe que constantemente se tem posto do lado da economia, trabalhando na captação de investimento para o País e esforçando-se por fazer parte da solução. Recentemente, temos até estado diretamente ligados ao Governo e autarquias na promoção de alternativas habitacionais que promovam a habitação acessível a jovens e famílias sem que estes tenham que ultrapassas a taxa de esforço.

Só em 2019, de um total de cerca de 26 mil milhões de euros que foram investidos no sector imobiliário, cerca de 19 mil milhões foram garantidos por mediadores. Creio que estes números serão suficientes e bem reveladores da importância que temos no panorama económico do País.

Da nossa parte, não queremos esmolas: queremos trabalhar. Mas se, atendendo às circunstâncias pandémicas, se entender que é um risco desempenharmos a nossa atividade, então que haja o bom senso de incluir o CAE desta atividade nos apoios promovidos, para que se possa garantir a sobrevivência de quem, comprovadamente, estará na linha da frente para a retoma da economia.