Edifícios com projetos de arquitetura que asseguraram a sua singularidade e a sua inserção no Lugar, permitiram a escolha dos materiais de construção mais adequados para dar forma ao estilo e qualidade estética pretendida, enquanto a execução da construção foi realizada com os melhores mestres na boa arte de construir.
Numa segunda fase, com o advento da burguesia ascendente, procedeu-se à construção de quintas, palácios, palacetes e chalets, os quais mereceram o mesmo esmero e cuidado, recorrendo aos melhores arquitetos e construtores, assegurando que os edifícios podiam perdurar no tempo e, assim, dar forma aos desejos e aspirações de cada proprietário, de cada Lugar e de cada época.
Edifícios que ainda hoje estão espalhados por todo o território português, a testemunhar a sua qualidade de construção. Tudo isto, feito sem diretivas europeias, regulamentos e normas aplicáveis ao modo como deveria ser assegurada a qualidade construtiva e o conforto de cada edifício. Bastava apenas a necessidade de adequar os requisitos do proprietário ao conhecimento aprofundado de cada um dos intervenientes, relativamente à Boa Arte de construir.
Quanto aos restantes edifícios (a maioria do parque edificado português), foi construída conforme as necessidades e possibilidades de quem vivia dos seus fracos rendimentos (quando existiam), os quais foram edificando, nas várias regiões portuguesas, aquilo a que se denominou de arquitetura popular. Uma construção deficiente, na qual a função de abrigo das condições climatéricas se sobrepunha a todas as outras funções. Conforto era uma palavra inexistente num povo habituado à carestia da sua vida, num permanente desconforto de pura sobrevivência.
Atualmente, estamos noutro quadro de enquadramento socioeconómico e cultural. As exigências de conforto térmico de uma habitação, no século XXI, em nada se assemelham às que existiam noutras épocas. Por isso, face à enorme quantidade de edifícios construídos em Portugal, sem quaisquer preocupações de isolamento térmico, é necessário fazer um imenso esforço e ter uma enorme vontade e ambição para alterar este quadro. A maioria da população portuguesa, merece e necessita aceder a programas de financiamento e incentivo à melhoria do conforto térmico das suas habitações. No país de hoje e não no país do enquanto… Necessitamos de mais habitação com mais conforto.