João Ferreira Gomes
João Ferreira Gomes
Presidente da ANFAJE

Mais um Inverno sem conforto térmico nos edifícios portugueses

09/11/2022

No que respeita ao conforto térmico, teremos mais um Inverno com casas muito frias, nas quais se vai ter mais frio dentro de casa que na rua… mais um teste à forte resiliência da saúde dos portugueses.

Com este cenário bastante negativo, acrescido da carestia da vida, a maioria das famílias portuguesas não terá recursos financeiros para aquecer as suas habitações. Porém, mesmo que estas tenham disponibilidade financeira, o dinheiro e a energia de aquecimento sai diretamente pelas frinchas das suas janelas velhas com vidro simples. À depauperização dos rendimentos das famílias, soma-se ainda, o nível bastante elevado de ‘pobreza energética’ que temos em Portugal e que nos continua a colocar na cauda da União Europeia.

Por isso, neste quadro de enormes dificuldades, urge aproveitar todos os recursos, programas e medidas públicas que permitam um combate eficaz, à degradação do parque habitacional português, através da execução de medidas de apoio à reabilitação e ao aumento do conforto térmico dos edifícios.

Em suma: há um sentido de urgência para executar a totalidade das medidas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente no eixo denominado de ‘Transição Climática’ referente ao aumento do conforto e eficiência energética dos edifícios. É urgente, reforçar o montante de investimento total e agilizar a execução do bem-sucedido programa ‘Edifícios Mais Sustentáveis’ (apoio a pessoas singulares proprietários de edifícios de habitação). É urgente, corrigir e melhorar a execução do programa ‘Vale Eficiência’, permitindo que mais famílias carenciadas possam melhorar as suas habitações. É indispensável, garantir benefícios fiscais em sede de IRS para todos os investimentos dos proprietários, na melhoria e conforto térmico das suas habitações. É extremamente importante, complementar os programas e medidas públicas já existentes, com soluções de financiamento para obras de melhoria do conforto térmico (com o envolvimento do Banco de Fomento), com taxas de juro reduzidas. É ainda urgente, garantir o volume de financiamento adequado, conjuntamente com o reforço da capacidade de execução para continuar a promover a reabilitação, a descarbonização, a melhoria do conforto, desempenho energético e ambiental dos edifícios, por forma a assegurar, o cumprimento das metas e objetivos definidos no Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030) e na Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE).