José Araújo
José Araújo
Diretor da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do Millennium bcp

Mãos à obra

06/05/2020

Obviamente de uma forma diferente, seguindo as normas de segurança estabelecidas pelas autoridades e privilegiando os canais digitais.

Na área de imóveis, ao longo das últimas semanas não parámos, vendemos e escriturámos num período diferente e com distanciamento entre as partes, mas aproveitámos para pensar como iríamos lidar com a nova normalidade do mercado e já desde o início desta semana que estamos a planear o regresso gradual ao terreno, continuando a fazer uso das plataformas digitais e recorrendo ao teletrabalho sempre que possível.

Claro que sentimos a crise do setor, como em todas as áreas da economia e setores nacionais e internacionais.

Claro que vamos passar por um período de falta de confiança e preocupações com as medidas de segurança e sanitárias, com impacto na recuperação económica global e, por isso, também no Imobiliário. Mas se todos cumprirmos com as orientações oficiais, esse período poderá ser mais curto do que alguns profetizam, pela energia que a maioria dos intervenientes estão a pôr na recuperação do mercado.

Acreditamos no trabalho, na estratégia, na procura de oportunidades em períodos pós crises, de maneira estruturada e inovadora e, por isso, o que pedimos a todos os nossos colegas e parceiros de negócio é que nos acompanhem e acreditem. Este é o nosso ADN, o TRABALHO.

Claro que ter uma forma de fazer escrituras à distância ajudará e seria uma das prioridades desejáveis a disponibilizar ao setor.

Claro que permitir que os investidores estrangeiros possam continuar a investir em Portugal, com confiança na política fiscal e económica, ajudará a uma retoma mais rápida.

Claro que conseguir colocar mais depressa, através dos vários agentes no terreno, novos projetos em mercado permitirá maior diversidade/opções de escolha para os compradores e poderá ajudar a estabilizar os preços, evitando quedas abruptas, para além de abrir portas a mais oportunidades no campo do arrendamento, que tende sempre a crescer nos períodos do pós crise.

Claro que tirar custos de contexto na era da digitalização impulsiona a vontade de investir, pelo que a tecnologia será decisiva para aumentar a eficiência de todo o ciclo imobiliário.

Claro que continuar a trazer turistas a Portugal, porque seremos mais rápidos que outros na implementação de condições de segurança, fortes e confiantes nas companhias de avaliação, unidades hoteleiras, museus, restauração e transportes, por exemplo, e porque Portugal continuará a ser um país atrativo, fará recuperar mais depressa setores como o Short Renting e a hotelaria.

Claro que apresentar uma nova arquitetura para reposicionar os nossos edifícios de escritórios, atualizando projetos adaptados a novas realidades, como teletrabalho e co-working, aumentará a velocidade da sua ocupação.

Claro que, se todo o tecido empresarial e económico conseguir adaptar-se aos novos tempos e às novas formas de funcionar, menos impacto no desemprego poderá existir, menor será a perda de rendimentos e maior capacidade de procurar novas casas poderá registar-se, sobretudo nos arredores das cidades, face ao fenómeno do teletrabalho. Ou seja, mais ativos vão ficar nos mercados de habitação e de comércio de rua.

E muitos mais “claro que” poderia referir num setor que não vive por si só, sem estar integrado na recuperação da sociedade que serve e onde, para além de reivindicar, justamente como todos um período de ajudas extraordinárias, não se deve nunca esquecer que o TRABALHO, a EVOLUÇÃO e a ADAPTAÇÃO aos novos tempos são os fatores que têm feito o avanço e o enriquecimento do homem e da sociedade ao longo de toda a nossa história.

POR ISSO, MÃOS À OBRA!