Hugo Santos Ferreira
Hugo Santos Ferreira
Presidente da APPII

Mãos à obra, Mais Habitação precisa-se!

28/06/2023

Quero destacar dois pontos, o que foi feito desde há um ano? E qual a grande conclusão que podemos tirar desta edição da COPIP? Começando pelo primeiro ponto, analisando os factos, podemos concluir que finalmente o poder político ouviu o setor. A criação do Ministério da Habitação representa, e bem, a assunção da existência de um grave problema em torno da habitação no nosso país. Infelizmente como se diz por aí “foi sol de pouca dura”, e o que se seguiu foi o lançamento do Programa Mais Habitação, um acto falhado, de consequências graves, que causou uma onda de alarme entre todos os players do mercado e cujos efeitos ainda hoje não são totalmente claros.

O Pacote “Mais Habitação” paralisou e assustou no início deste ano todo um sector, afugentou investidores, amedrontou proprietários, irritou a população, tendo-se visto pela primeira vez em décadas ruas cheias de pessoas revoltadas com a falta de acesso à habitação!

Assim que foram conhecidas as medidas do pacote “Mais Habitação” e por discordarem de quase todas essas medidas, os Promotores e os Investidores Imobiliários fizeram-se ouvir, gritaram todos muito alto… Nunca, como este ano, se falou da construção de casas na abertura dos telejornais, nunca como este ano falámos em prime time televisivo de licenciamento, de burocracia, da falta de terrenos para construirmos, dos problemas que temos de mão de obra, de aumento dos custos de contexto, do que representa o IVA não dedutível para habitação nova, da bruta carga fiscal… Muitos e preocupantes motivos que impactam em grande medida a falta de acesso à habitação.

Desde esse dia, o sector, unido e empenhado, trabalhou para se fazer ouvir e enviar ao governo dezenas de propostas de melhoria para levar mais habitação aos portugueses. E aqui chegamos ao meu segundo ponto, qual a maior conclusão que podemos retirar desta edição da COPIP? Na sua intervenção no final da COPIP a ministra da Habitação teve a coragem de não apresentar as medidas que todos já conhecíamos, mas sim de lançar um apelo ao setor para continuar a dialogar, e sobretudo trabalhar para levar mais habitação aos portugueses. Existe aqui um espírito de missão consubstanciado nas palavras: "será ainda mais gratificante com a concretização do trabalho no terreno".

Os promotores e os investidores imobiliários, como especialistas em habitação, querem fazer parte da solução, sempre o quiseram... Há que olhar para o que foi feito noutros países, como Espanha por exemplo, que confrontados com problemas semelhantes desenvolveram estratégias com os investidores e promotores imobiliários para criar soluções rápidas e exequíveis para colocar mais habitação no mercado.

Como empresários responsáveis preocupados, exigimos aos nossos governantes e legisladores que criem as soluções necessárias para, de uma vez por todas, levar rapidamente mais habitação aos portugueses. Pedimos coragem política para ultrapassar esta crise nacional e lançar finalmente projetos de habitação acessível. Só estamos à espera de luz verde para LANÇARMOS FINALMENTE MÃOS À OBRA!

Anseio, sinceramente, daqui a um ano escrever um novo capítulo desta história, assente em factos concretos que espelhem que o problema da habitação em Portugal está a ser resolvido.