Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O mealheiro das famílias portuguesas

17/01/2024

No terceiro trimestre de 2023, assistimos ao aumento médio dos preços em 7,6% quando comparados com o terceiro trimestre de 2022, menos 1,1% comparativamente ao trimestre anterior. Quanto ao número de transações, tendo por base o ano de 2022, em que se registaram 168.000 operações no setor residencial, assistimos a uma redução no número de imóveis vendidos, devendo em 2023 situar-se em torno das 134.000. Isto representa uma diminuição de cerca de 20%. Estes dados revelam que, no setor residencial em 2023, teremos menos casas vendidas e mais caras, quando equiparamos ao ano anterior

Neste início de 2024, o nível de incerteza em que vivemos é muito elevado. Este ano, teremos eleições em Portugal, na Europa e nos EUA e, se por um lado há sinais de consistência na redução da inflação (com previsível redução das taxas de juros), simultaneamente o número de variáveis é demasiado alto para quaisquer prognósticos minimamente sustentáveis.

Perante cenários de grandes dúvidas, é importante sentirmos segurança nas nossas poupanças. A verdade é que essa segurança se encontra aplicada no parque habitacional nacional. É “lá” que 73% das famílias têm as suas poupanças e é uma boa notícia sabermos que perante um “ecossistema” tão adverso como o vivido em 2023, as economias da maioria das famílias portuguesas não perderam valor.

Foi cometido um erro gigante considerar que baixar o preço dos imóveis seria a solução. Independentemente de qualquer tipo de proximidade política, nunca conheci alguém disponível para reduzir o valor que poderia obter quando tomou a decisão de vender a sua casa.

O valor das casas deve ser preservado e é isso que todas as pessoas têm procurado fazer. Uma situação diferente é a procura de soluções que combatam qualquer forma de exclusão habitacional. Cenário previsível num país com a nossa dimensão, em que, numa década, foram alocadas ao mercado residencial menos 700.000 casas e que, simultaneamente acolhemos 700.000 imigrantes, necessários ou mesmo imprescindíveis à nossa sustentabilidade social e ao desenvolvimento económico.

Agora, será necessário que o Estado implemente programas que permitam edificar com menores custos, seja através da redução fiscal, seja através da disponibilização de terrenos, de subvenções, ou da reutilização de parte do seu património imobiliário, para que possam existir novas soluções habitacionais com custos controlados para aqueles que delas precisam. Tal como será necessário apoiar os jovens na aquisição da primeira habitação e os imigrantes que acolhemos, que precisarão de casas dignas e adequadas.  

Seguramente, os nossos governantes serão capazes de encontrar soluções que não passem pelo empobrecimento generalizado dos portugueses.