Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O mercado de arrendamento precisa de estabilidade

13/04/2022

É um facto que temos assistido a uma discrepância entre o preço da habitação e o rendimento de uma parte das famílias portuguesas. Algumas pessoas por razões específicas necessitariam eventualmente de viver nos grandes centros urbanos e, para muitas dessas pessoas, a questão do arredamento é fundamental.

O segmento médio e médio baixo precisa de alternativas eficazes. Se não existirem habitações suficientes e a procura for elevada, os preços não tendem a estabilizar. Pelo contrário, vão continuar a aumentar.

Sabemos que os recursos públicos são limitados. É também certo que há questões inevitáveis, mas há outras evitáveis como os atrasos na resposta aos projetos de licenciamento.

Quando falamos do mercado de arrendamento, o atraso nos processos de licenciamentos é um entrave para a colocação de mais oferta e de novos projetos no mercado. Para dinamizar o mercado de arrendamento, não podem existir flutuações constantes.

Em muitos países da Europa é possível verificar que o mercado de “build to rent” é um segmento em crescimento, que tem a atenção constante dos investidores. O mesmo não acontece em Portugal devido ao quadro legislativo e fiscal instável.

Neste sentido, o papel do Governo e das autarquias é essencial para o desenvolvimento de medidas mais eficazes. É preciso preparar o setor para todos os intervenientes.

Os proprietários precisam de confiar para investir. Precisam de saber que há estabilidade e segurança legal para colocar mais ativos para arrendar. O atual estado deste segmento do mercado é arriscado e pouco atrativo para os proprietários, o que consequentemente não contribui para dar resposta às necessidades habitacionais das famílias.

O mercado de arrendamento do nosso País tem imenso potencial para ser dinamizado numa lógica de médio/longo prazo. Para isso, são necessários programas e estratégias de habitação que garantam mais estabilidade e menos oscilações.

É igualmente fundamental que o País consiga responder a uma tendência geracional caracterizada por maior mobilidade, alternativas profissionais globais, modelos de vida com muito menos fixação geográfica, onde uma vez mais arrendar um imóvel irá fazer parte das preferências habitacionais das novas gerações.