Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

“O Mercado Imobiliário da minha aldeia”

07/07/2021

Infelizmente, a palavra confinamento tornou-se bem conhecida de todos e é esse tipo de restrição, neste caso o confinamento geográfico, o conceito que, por norma, deve acompanhar as informações sobre o mercado imobiliário.

Vivo há muitos anos numa aldeia que se chama Miragaia, no concelho da Lourinhã. Na minha aldeia moram cerca de cem famílias e cerca de 66% das atividades de restauração encerraram. Em Miragaia, este ano de 2021, o mercado imobiliário teve um crescimento de 100% no número de transações e de cerca de 300% relativamente ao preço metro quadrado, em comparação com o período homólogo de 2019. Em 2021, o investimento estrangeiro caiu vertiginosamente em relação ao ano anterior.

Foi isto que se passou em Miragaia. Há muitos anos que dos três cafés que existiam, só um se mantem em funcionamento. Este ano foi vendida uma casa por cerca de 170.000 euros e, no ano passado, uma família francesa comprou um terreno e construiu uma casa. Fora o atual e terrível contexto da pandemia, foi um ano normal. E que relevância tem para o panorama Nacional o que se passou na minha aldeia? Nenhuma. Absolutamente nenhuma.

Ora, por vezes, o que acontece em Lisboa – na freguesia da Estrela ou no Parque das Nações – e no Porto, nomeadamente na Foz do Douro ou em outras freguesias, não reflete o país no seu todo. Uma situação idêntica acontece com informações sobre preços, investimento estrangeiro, mercado de arrendamento ou novos imóveis.

O nosso país é pequeno, mas não tão pequeno que torne válidas informações sobre elementos concretos como sendo uma tendência nacional.