Manuel Reis Campos
Manuel Reis Campos
Presidente da CPCI e da AICCOPN

Mudanças Climáticas: Setor é decisivo para construir as soluções

03/11/2021

A necessidade de agir é uma questão praticamente consensual e é inegável que estamos muito longe de atingir os compromissos que são necessários à escala global. Mas, é também evidente que não há soluções efetivas sem o envolvimento das empresas. E, o Setor da Construção e do Imobiliário, é um elemento decisivo numa mudança que, na Europa, já está a ocorrer a diversos níveis.

Efetivamente, as regras impostas na construção nova e na reabilitação, na eficiência energética e hídrica, no tratamento dos resíduos de construção e demolição e, de uma forma geral, os requisitos legais e técnicos exigidos às empresas são cada vez maiores no nosso Setor. Paralelamente, há um claro aumento da exigência por parte do mercado o qual, em parte, é resultado da atual evolução dos preços da energia e das matérias-primas, mas, também, de um crescente reconhecimento da necessidade de adotar comportamentos mais sustentáveis e, por isso, contratar empresas devidamente qualificadas e que adotam práticas inovadoras.

Este é um caminho que é reconhecido pelo tecido empresarial, mas que não pode ser percorrido apenas pelas empresas. Trata-se, inclusivamente, de um dos grandes desafios assumidos pela Comissão Europeia, na “Estratégia Europeia para uma Vaga de Renovação”, que estabeleceu metas ambiciosas até 2030, tais como a duplicação das taxas atuais de reabilitação energética dos edifícios residenciais e não residenciais, que atualmente é de cerca de 1% à escala europeia, a melhoria do desempenho energético de 35 milhões de edifícios e a criação de 160 mil empregos “verdes” adicionais no setor da Construção. E, no PRR português, este domínio está bem presente. A dimensão estruturante “Transição Climática” representa 22% das subvenções previstas, ou seja, 3.059 milhões de euros, integrando especificamente a componente “Eficiência Energética dos Edifícios”, que totaliza 610 milhões de euros.

A Europa considera que a sustentabilidade e o combate às alterações climáticas são objetivos inadiáveis e definiu instrumentos importantes para apoiar a transição para novos modelos de crescimento, alinhados com estas metas.

Porém, como temos afirmado, este é um combate que começa nas nossas próprias casas, assegurando soluções mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental, recorrendo a técnicos e empresas que cumprem as regras em vigor e que apostam na sua qualificação e na capacidade de resposta aos desafios da sustentabilidade. A mudança requer uma grande transformação global. Mas, de igual modo, exige que todos, à nossa escala, sejamos capazes de dar o nosso contributo.