Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

As notícias e as prioridades

13/07/2022

Não deixa de ser curioso, sendo certo que a sua existência é resultado direto do interesse, da curiosidade e da atenção que tantas pessoas dão ao tema imobiliário.

No entanto, ao contrário de outros, este é um tema com grande dose de pragmatismo, um imóvel, velho ou novo, as suas características físicas, a sua localização e finalmente um preço que por vezes é um mero desejo do seu proprietário, por outras é corroborado por alguém e o imóvel é transacionado.

É isto há séculos, claro que acompanhado por inúmeros “ingredientes” seguramente responsáveis pelo interesse crescente que o tema tem despertado.

Os instrumentos financeiros, fiscais, legislativos e construtivos que não param de inovar, as tendências e preferências que em espaços temporais alargados têm evidenciado serem extremamente dinâmicas e diferenciadas, tudo somado à incerteza financeira que ciclicamente paira sobre todos, fazem do imobiliário um dos grandes temas da atualidade.

Mas, pelo facto de ser um assunto que de algum modo a quase todos interessa, sendo por isso mesmo um tema de grande regularidade, talvez seja importante não permitir que com o embalar quotidiano das notícias do imobiliário, nos esqueçamos de duas ou três prioridades.

Há quatro anos atrás tinham sido identificadas 23.000 famílias para as quais uma habitação digna era uma prioridade. Hoje o número será muito superior.

O imobiliário tem de ser protegido enquanto meio aglutinador de valor para toda a sociedade, a edificação, valorização e transação de ativos imobiliários é uma das “fatias” mais relevantes do PIB Nacional, assim queremos que continue cabendo também ao Estado assegurar que daí não resulta a exclusão consequente da disparidade entre o valor dos imóveis e o rendimento de tantas famílias.

Numa semana em que vivemos num estado de alerta máximo devido às nossas condições climatéricas, talvez seja bom momento relembrar que o imobiliário é responsável por 37% das emissões de CO2, um certificado energético, o documento que certifica o estado de um imóvel no que à sua eficiência energética diz respeito, tem de premiar com significado fiscal os proprietários de imóveis eficientes.

Proprietários de imóveis que não têm esses níveis de eficiência, procurarão forma de o fazer se fiscalmente/financeiramente for suficientemente incentivador. O certificado energético de um imóvel não pode continuar a ser um mero documento administrativo.

Se por um lado é difícil ao Estado procurar respostas para tantos desafios que a todos confrontam, por outro não será difícil encontrar soluções que conduzam a que tenhamos imóveis muito mais eficientes e muito mais colaborativos com o planeta que por cá encontrámos.