Estes modelos incluem residências de estudantes, residências sénior, residências de cuidados assistidos, flex-living ou habitação nova para arrendar (BTR), que surgem por complemento à habitação adquirida e às tradicionais ocupações de curta-duração em apartamentos turísticos.
A atratividade destes modelos junto dos consumidores finais é elevada e ganhou eco entre os investidores, sendo os imóveis de Living o principal alvo de investimento na Europa pelo segundo ano consecutivo (26% do investimento direto em 2024).
E quanto a Portugal, há oportunidade de crescimento neste setor?
Em Portugal, também há um crescente interesse neste setor, que captou em 2024 13% dos €2.300 milhões investidos em imobiliário comercial.
E, sendo verdade que continuamos a ser um país de proprietários (76% das habitações são detidas pelo ocupante), alinhamos, contudo, pelas tendências que estão a fazer crescer a necessidade dos novos formatos. Cerca de 24% da população portuguesa tem mais de 65 anos (o 2º maior índice na Europa) e, nos últimos 10 anos, o número de agregados de uma só pessoa aumentou quase 20%. O custo da habitação disparou em 10 anos, com preços a subir, falta de oferta e elevados custos de construção. Em termos de mobilidade, estima-se que 70% dos portugueses viva em áreas urbanas até 2030, impulsionado também pelo forte aumento da população estrangeira e pelo crescimento do número de estudantes internacionais. Tudo isto num quadro de maior flexibilidade de trabalho, maior sentido de comunidade e procura de experiência por oposição à cultura da propriedade.
Os requisitos para a procura estão cá! Num mercado onde há um baixo índice de oferta. Nas residências de estudantes identifica-se a necessidade de 40.000 camas só em Lisboa e Porto. Apesar de estarem mais de 6.500 camas em desenvolvimento, a atual oferta (na ordem das 10.000 camas privadas) não chega a cobrir 30% das necessidades dos estudantes em mobilidade, o que explica as taxas de ocupação de quase 100%. Nas residências de cuidados de saúde e
sénior, a ocupação supera também os 90%. A oferta existente deverá rondar as 106.000 camas, mas prevê-se que estas só consigam responder a 4% das necessidades. O flex-living não vai além das 500 camas. No arrendamento de raiz para longa duração e habitação acessível, o mercado continua a ser muito pulverizado e nas mãos de poucos privados.
Ou seja, temos ainda um mercado com falta estrutural de oferta e um pipeline expansivo, mas ainda assim, contido, o que nos eleva o potencial de crescimento para níveis muito atrativos. Este é um mercado que funciona e tem procura. A falta de oferta é uma oportunidade enorme a explorar e posicionar Portugal no mapa europeu dos novos formatos de “habitar”, assim saibamos solucionar os desafios que temos para escalar a oferta. As medidas que podem solucionar estas questões passam por atuar na morosidade dos licenciamentos, reduzir o IVA à construção para 6% e criar bolsas de terrenos públicos que possam acolher este tipo de projetos.
Fontes: JLL e INE