Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

O caminho da estabilização

22/07/2020

Ainda que, em comparação com o período homólogo, os níveis da procura tenham caído (de acordo com as resposta de 70% das empresas), face ao mês anterior mais de 66% das empresas deram nota de que a procura se havia mantido ou aumentado, o que se revela um sinal positivo no panorama atual.

Também os preços dos imóveis não têm registado oscilações com 80,4% das empresas a confirmar a sua manutenção. Apenas 16,7% declararam sentir um decréscimo dos preços e 2,9% deram mesmo nota de um registo de aumento dos valores de oferta.

Os números vão ao encontro daquela que tem sido a expetativa do mercado. Não há, para já, nenhuma justificação para que se assista a uma quebra dos valores dos imóveis, que não seja por uma eventual correção dos preços que já estivessem a ser praticados acima do real valor de mercado.

O imobiliário vai assim revelando sinais de alguma firmeza face ao impacto real da pandemia, mas é prematuro avaliar os seus efeitos nas dinâmicas do mercado, que estará agora a promover a realização de alguns dos negócios que ficaram suspensos nos meses de confinamento.

Para as imobiliárias, este acaba por ser também um momento chave para demonstrarem o real valor do seu papel no panorama do sector, apostando na qualificação dos seus profissionais e mostrando que a classe da mediação está hoje muito melhor preparada do que em crises anteriores, sabendo adaptar-se com maior facilidade às mudanças de paradigma que poderão decorrer com a oscilação das dinâmicas económicas das famílias e dos potenciais investidores.

Apesar de no terreno o mercado ainda estar a “meio-gás”, pela adaptação que se está a fazer gradualmente a esta nova realidade, a incerteza que o mercado apresenta permitirá que a mediação se torne particularmente relevante na garantia da confiança, segurança e transparência e também na promoção do encontro entre as partes.

Esta perspetiva é de certa forma confirmada pelo barómetro da APEMIP, com a maior parte das empresas de mediação a percecionar os próximos três meses como positivos, com uma avaliação acima de cinco, numa escala de um a 10.

Os próximos meses serão chave para aferir o real impacto deste vírus no mercado imobiliário, mas para já os sinais são de algum otimismo. Mas, como tenho defendido sempre, este otimismo deve ser sempre acompanhado de realismo e de uma monitorização aproximada do comportamento do sector. E é isso que temos feito.