Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Otimismo consciencioso

28/10/2020

Esta tem sido uma das questões mais recorrentes que me têm colocado, para a qual a única resposta que posso dar no momento é: não sei.

Considero-me um especialista do mercado. Nos últimos anos tenho sabido antecipar as tendências e os problemas que poderão surgir, alertando para estes e sugerindo potenciais soluções. Mas o momento que vivemos é absolutamente inédito, sem precedentes, à escala mundial e com muitas incertezas. Avançar com expetativas sobre o que vem aí e sobre um pós-pandemia que não se sabe quando acontecerá, parece-me de alguma forma irresponsável e pura futurologia.

Sou, regra geral, um otimista, mas um otimista consciencioso. Não se espere de mim que diga aquilo que o mercado quer ouvir: não acredito em falsas verdades, pois sei bem que, mais cedo ou mais tarde, trarão mais malefícios que benefícios. Enquanto agente do sector e Presidente de uma Associação que me elegeu para defender a classe dos mediadores imobiliários e de pugnar pela sanidade do mercado, é essa a tarefa que tenho vindo a desempenhar, e só acredito que a mesma é bem defendida quando nos baseamos na honestidade daquilo que tornamos público.

Não sou hipócrita e tenho obviamente um interesses corporativos nas mensagens que veículo, mas não o acentuo naquilo em que não acredito ou naquilo que não posso antecipar, em prol do que alguns possam achar que seria benéfico para o sector.

Sei que o imobiliário nacional tem muito potencial e continua a ser um bom porto seguro de investimentos. Sei que há ainda capacidade para valorizar este sector, através de uma aposta na descentralização que pode e deve passar pela captação de investimento estrangeiro, que criará novas dinâmicas económicas em polos onde estas ainda não existem. Acredito também que há, paralelamente e no mesmo País um mercado que, nas principais cidades, se encontra sobreaquecido pela falta de oferta e que precisa de ver os seus valores serem revistos, o que não poderemos considerar uma desvalorização do património, mas sim uma correção de preços que poderão estar desadequados.

Tenho também a convicção que este sector tornará a ser uma das principais forças motrizes da economia, logo que a nuvem da incerteza desapareça. Mas, para já, e num mercado que se rege sobretudo pela confiança, segurança e estabilidade, esta nuvem tem uma dimensão colossal.

Será fundamental que os agentes de mercado estejam despertos para o que que vai acontecendo, sabendo interpretar, ao momento, todos os acontecimentos.

Nos próximos tempos a estratégia será de definir estratégias de acordo com o desenrolar dos acontecimentos.