Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

Pimenta na Língua: Em Portugal, nos últimos 5 anos as casas subiram de preço 50%

23/02/2022

Malabarismos, são efeitos interessantes nas artes circenses, sem nenhum interesse nos nobres domínios da informação.

Na sequência das habituais publicações de dados do Instituto Nacional de Estatística, algumas fontes de informação apressaram-se a concluir que em Portugal as casas, nos últimos 5 anos valorizaram 50%.

Será mesmo assim?

Será interessante afirmar que na segunda década deste século as pandemias tiveram um crescimento de 100% relativamente à década anterior, ou que no Nadrupe*, o investimento estrangeiro voltou a duplicar pelo segundo ano consecutivo. (*localidade do concelho da Lourinhã onde em 2020 foi vendida uma casa a cidadãos estrangeiros e em 2021duas.)

Que relevância e interesse poderiam ter estas informações? Absolutamente nenhumas, pelo simples facto de não serem representativas de coisa alguma.

Qual então o fundamento da novidade das casas em Portugal terem subido 50% nos últimos cinco anos?

Não aconteceu em Portugal no que se refere à sua dimensão política e geográfica, aconteceu sim em menos de 10% dos 308 municípios (278 no continente, 11 na Madeira e 19 nos Açores). E nestes com particular relevância nos concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e nestas com grande destaque meia dúzia de freguesias muito centrais nas Cidades de Lisboa e Porto.

Curiosamente as mesmas fontes que anunciavam a fantástica valorização Nacional de 50%, também referiam o facto preocupante de as casas terem subido acima de 10% em 102 dos nossos 308 municípios, ou seja, cerca de um terço.

Parece confuso, subiram 50% em Portugal ou subiram acima de 10% num terço dos Concelhos Nacionais?

O que terá acontecido aos restantes 206 municípios?

De facto é simples, é compreensível e para desalento de alguns, não é merecedor de títulos carregados de espetaculares malabarismos.

As casas têm subido de modo muito significativo, especialmente em Lisboa e Porto. Parte expressiva da oferta de imóveis novos que têm surgido nesses locais, são casas de valor muito elevado, que têm tido aceitação daqueles que as procuram.

Temos as casas usadas, que também têm subido nessas localizações, o que significa que quem vende aufere de um valor que tem vindo a aumentar, permitindo que de seguida estes, os que vendem, possam enfrentar novas aquisições com liquidez superior ao que acontecia num passado recente.

A subida de preços a que assistimos nas áreas metropolitanas das nossas duas principais cidades, também tem redirecionado muitas intenções de compra para outras localizações, onde, por lá também será necessário encontrar quem esteja disposto a vender…

Os Bancos, têm claro o seu relevante papel que em 2021 traduziu-se num montante global financiado de 15.000 milhões de euros, dos cerca de 31.000 milhões transacionados. Sobre a origem da diferença, (16.000 milhões de euros), tendo diversas fontes - poupanças, investimento estrangeiro -, a maior fatia é a proveniência de liquidez na venda de imóveis. (Em 2021 foram vendidos cerca de 166.000 imóveis residenciais usados.)

É esta cadência de vendas e compras que caracteriza o mercado, obviamente acompanhado por um conjunto de fatores (taxas de Juro, legislação, licenciamentos, políticas, entre outros) que vão impulsionando ou refreando esta cadencia.

O crescimento deste mercado tem importância vital para a economia Nacional, há muitos distritos em Portugal que nos últimos cinco anos não têm tido valorização significativa do seu parque imobiliário (inferior a 1%) há alguns distritos em Portugal onde nos últimos cinco anos o seu parque imobiliário perdeu algum valor.

As perspetivas são boas, principalmente porque os preços muito elevados numa minoria de localizações está a originar novos fluxos de procura em zonas que até aqui não conheciam o impacto económico do imobiliário nas economias locais.

Algumas zonas do nosso País foram muito impactadas nos últimos dois anos pela Pandemia, o regresso da atividade turística vai dinamizar e fazer crescer as economias locais e consequentemente também o imobiliário.

Não compre casa em Portugal a pensar que se vai valorizar 50% em cinco anos, não venda a casa que tem em Portugal a pensar que esta se valorizou 50% nos últimos cinco anos.

Compre ou venda casa em Portugal, porque o investimento imobiliário é caracterizado por grande “robustez” e perspetivas de valorização, porque Portugal é um País fantástico e é um privilégio ter um imóvel em Portugal, porque perto de si irá encontrar uma empresa de Mediação Imobiliária interessada e vocacionada para lhe explicar tudo.