Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O plano

02/12/2021

Talvez seja interessante começar por reconhecer que a competitividade entre países que integram o quadro europeu é uma realidade que não pode ser escamoteada. A competitividade é transversal aos diversos fatores e domínios que constituem a nossa economia.

Neste seguimento, isto quer dizer que, por exemplo, uma carpintaria espanhola, que faz janelas bonitas e com boa qualidade a um preço muito interessante, permite que um cidadão português possa equipar a sua casa na beira baixa, caso essa seja a sua escolha.

Ora, o que vai acontecer é que a carpintaria da França ou da Eslovénia vai ser também alvo de uma “bazucada” que tem um objetivo muito claro: vender o maior número possível de janelas.

Em Portugal, numa altura em que a construção atravessa dificuldades associadas ao aumento de preço, custo dos materiais de construção e à escassez de mão-de-obra, os recursos financeiros aplicados vão obviamente criar maior pressão nos preços dos materiais e da mão-de-obra.

A escassez de mão-de-obra será combatida à custa da sua conquista pelo preço. Os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) vão incrementar a competitividade entre a generalidade das empresas europeias, resultado de uma “bazucada” mais ou menos coincidente no tempo, por período relativamente contido.

Neste sentido, é necessário encontrar estratégias que permitam a alocação de tão importantes recursos financeiros em domínios que tenham impacto direto no nosso teor estrutural e competitivo.

A formação dos nossos jovens e menos jovens – em áreas como carpintaria, eletricidade, canalização e múltiplas especializações associadas a novos materiais e aplicações –, a melhoria das cadeias internas de armazenagem e distribuição, a otimização de sistemas de transportes e a centralização tecnológica no acesso a fornecedores de matérias-primas de soluções inovadoras seriam contributos muito importantes para o aumento da oferta imobiliária.

Como resultado, teriam as desejadas consequências que permitam que muitos mais portugueses possam aceder a uma solução digna para a sua habitação.