Manuel Reis Campos
Manuel Reis Campos
Presidente da CPCI e da AICCOPN

O que pode o setor esperar para 2021?

09/12/2020

O investimento em construção cresceu 5,9% em termos homólogos, em resultado de uma variação positiva de 0,7% face ao segundo trimestre.

Como temos afirmado, este comportamento tem constituído um importante contributo para a economia e o emprego nacionais e resulta diretamente do facto de, ao longo deste período, a maioria das empresas ter prosseguido a sua atividade nas obras em curso, mas, de igual modo, de uma manutenção dos níveis de investimento público e privado e, em particular, de um esforço de manutenção de uma trajetória de crescimento que se vinha a consolidar.

Efetivamente, é amplamente reconhecido, tanto na Europa, como em Portugal, que a Construção e Imobiliário é uma atividade decisiva para a retoma. No entanto, é natural que o Setor se questione sobre as perspetivas para os próximos meses. E, perante um contexto de elevada incerteza sobre o que que nos espera, do ponto de vista da pandemia e, consequentemente, das condições económicas no arranque do ano 2021, há que assegurar as medidas e o planeamento capazes de contrariar as dificuldades que já sabemos que vamos enfrentar.

E, desde logo, há um facto incontornável que tem de ser reconhecido. O mecanismo europeu de recuperação e resiliência que terá, entre nós, tradução no PRR - Plano de Recuperação e Resiliência, dificilmente produzirá efeitos concretos ao longo do primeiro semestre do ano, ainda que seja possível ultrapassar, como todos esperamos, as dificuldades políticas que surgiram recentemente. Isto não significa que o Governo possa descurar a preparação para este Plano e, em especial, que assegure rapidamente as condições para que as empresas portuguesas se possam posicionar competitivamente. Antes pelo contrário, a preparação do tecido empresarial é um elemento decisivo para maximizar o impacto destes recursos europeus na economia e no emprego nacionais.

Porém, o País não pode ficar de braços cruzados à espera destes financiamentos. É preciso incrementar o ritmo de execução dos projetos estruturantes previstos no Portugal 2020, que se encontra perto do seu ciclo final, mas também é vital o relançamento do investimento de proximidade, de pequenas obras que são necessárias em todo o território, de intervenções capazes de resolver constrangimentos locais nos mais diversos domínios como, desde logo, a saúde e o apoio às populações mais vulneráveis e, simultaneamente, criar emprego, também ele de base local e dinamizar o tecido empresarial e, em particular, as PME’s.

Todos os indicadores demonstram que os agentes económicos do Setor têm estado na linha da frente do combate a esta crise sem precedentes. É chegado o momento de corresponder, apresentando medidas objetivas para assegurar que, tal como tem sido afirmado, após um 2020 que não deixará saudades, 2021 será um ano com perspetivas muito mais positivas.