Bem como a sua transformação e alinhamento com pressupostos como a sustentabilidade e a competitividade. É esse o principal motivo pelo qual a generalidade dos países e, em particular, a Europa, têm vindo a anunciar planos ambiciosos de reforço do investimento público e privado, tendo sempre em vista o impacto deste na atividade económica e no emprego.
No espaço europeu, a Comissão reconheceu que países como Portugal não têm ao seu dispor os recursos financeiros que lhes permitam implementar os projetos que são mais necessários do que nunca e propõe, através de um orçamento comunitário reforçado, assegurar o acesso a instrumentos de financiamento muito significativos. É uma oportunidade que não pode ser desperdiçada e que exige, no imediato, um esforço coletivo para que possamos emergir desta crise mais rapidamente e com maior solidez. Ao Setor da Construção e do Imobiliário caberá, uma vez mais, desempenhar o seu papel de motor da economia e da criação de emprego e não tenho dúvidas que as empresas estarão, como sempre estiveram, à altura deste desafio.
Porém, não podemos ignorar o facto de, ao longo dos últimos anos, termos assistido a um desvirtuamento da Formação Profissional, que se foi afastando cada vez mais do mercado de trabalho, subjugada a uma política de educação alheada das efetivas necessidades das empresas e incapaz de antecipar as tendências de futuro.
Quando é o próprio Governo a apontar para uma taxa de desemprego de 9,6% no final deste ano, a falta de qualificação da mão-de-obra não pode ser um fator a contribuir para a persistência desse desemprego. Se o investimento público é um caminho incontornável e prioritário e, como tenho dito, Portugal não pode ficar à margem da restante Europa, é preciso começar já a formar os profissionais que vão fazer falta às empresas nacionais, encaminhando os jovens para as áreas com futuro e apoiando a reconversão dos recursos humanos excedentários de setores que, por força da crise, estão a diminuir a sua atividade.
Aos investimentos de proximidade que estão a ser anunciados, como a retirada do amianto das escolas, as obras de conservação e segurança da rede rodoviária e ferroviária, a construção e requalificação de hospitais e outros equipamentos sociais, é necessário juntar o investimento estruturante que há muito foi identificado como essencial. Refiro-me a questões como a conetividade do País e o combate às alterações climáticas, materializados em projetos em domínios tão diversos como portos, aeroportos, ferrovia, estradas, redes energia, telecomunicações, mas também às novas exigências geradas pela atual crise sanitária. Os nossos edifícios precisam responder a questões como a incorporação de tecnologia Touch-Free ou novos sistemas de climatização mais higienizados, mas também a um mundo que se pretende mais digital e sustentável. Economia Circular, as Cidades Inteligentes e a Reabilitação Urbana, a Indústria 4.0 ou, mais especificamente, a Construção 4.0. já são domínios com procura, mas que se espera virem a crescer de forma sustentada ao longos dos próximos anos.
O Setor tem dois centros de formação de excelência, o CICCOPN e o CENFIC, pelo que é possível recentrar a atuação destes centros, privilegiando, desta forma, a formação profissional nas áreas técnicas e especializadas da construção. De igual modo, devem estreitar-se os laços entre Universidades e empresas e alinhar a oferta formativa com as necessidades reais. E, ao mesmo tempo, há que alterar todo o sistema de registo e competências dos profissionais. Partindo de experiências anteriores que se revelaram eficazes, como os CAP - certificados de competência profissional, que foram abandonados, é necessário reconfigurar todo o catálogo de profissões e de competências, alinhando-as com a nova realidade da Construção: Um setor moderno, cada vez mais digital e industrializado, que lidera em vetores essenciais para o nosso futuro como a eficiência energética, a reabilitação, a sustentabilidade.