Hugo Santos Ferreira
Hugo Santos Ferreira
Presidente da APPII

Portugueses e cidades ganham terreno no MIPIM

20/03/2024

Tendo registado uma grande afluência, com mais de 20.000 delegados, oriundos de 90 nacionalidades, desde investidores, líderes políticos mundiais, governantes, autarcas, responsáveis dos vários Estados Membros da Comunidade Europeia, dos EUA, entre outros, a que se juntou toda a comunidade da indústria imobiliária a uma escala global, diria que foi mais um bom momento de partilha de conhecimentos e ideias, para o nosso setor e para o mundo.

Três notas essenciais: uma primeira para referir que, apesar de tudo, estima-se ter havido uma quebra de 25% na participação ao nível internacional, em relação ao ano transato, que julgo estar ainda relacionada com o momento menos positivo deste ciclo, envolto ainda em grande incerteza económica, macro e de geopolítica internacional. Uma segunda, para salientar que a presença ibéria superou todos os anos anteriores. Mais de 610 profissionais e 280 empresas, destes 275 profissionais portugueses, e mais de 120 empresas nacionais a representar o país.

2024 ficou, assim, marcado por um recuo da presença internacional (de relevo), mas pela maior missão nacional de sempre. O que também é de relevar e diz muito do nosso mercado, da sua evolução, do seu crescente profissionalismo, internacionalização, sendo hoje um mercado totalmente global. E bem! Bem me recordo os tempos idos em que o MIPIM era visto como uma feira de elites e vaidades, não lhe sendo reconhecido o espaço de partilha, de criação de valor às empresas e seus profissionais e hoje muito um espaço de criação das cidades do futuro, da quais fazemos parte e queremos ter algo a dizer. Os portugueses, hoje dizem SIM à criação das cidades do futuro, querem apresentar, partilhar e também difundir aquilo que de bom estamos a fazer nessa matéria no nosso País.

E uma terceira nota para felicitar os municípios de Lisboa, Porto, Vila Franca de Xira, Almada ou o Fundão, pela presença dos seus autarcas e por terem ajudado as nossas empresas a tão bem exportar o que de melhor se está a fazer nesta fileira no nosso País. É, de facto, muito importante para os investidores internacionais e especialmente os institucionais ver que há um compromisso de fazer evoluir o País por parte das entidades públicas. Não esquecer o trabalho não menos importante das respetivas agências de investimento do que se chamou o “Greater Lisbon” e “Greater Porto”, pelo fantástico trabalho de dinamização dos respetivos stands, que albergaram largas dezenas de empresas portuguesas. 

Não podia ainda deixar de referenciar, perdoem-me, o sucesso alcançado com os cerca de 300 profissionais que estiveram presentes no “Portugal Conference and Cocktail”, organizado pela APPII e pela Iberian Portugal, onde demos a conhecer ao mundo as nossas políticas e estratégias públicas e privadas em matéria da habitação e de habitação acessível em particular. Foi bom conhecer quais os projetos e planos que Lisboa, Porto e Almada têm para apresentar nesta matéria e saber, em debate, como profissionais reputados da nossa praça e as suas empresas encaram o futuro da habitação em Portugal e como preveem desenvolver os seus projetos para entregar mais casas acessíveis.

Uma última nota para enfatizar a preocupação desta indústria com o combate às alterações climáticas. A edição de 2024 foi a mais sustentável de sempre e também a que teve maior preocupação com a vertente social, o “S” das ESG rules, por vezes mais esquecido que o “E”, mas não menos importante.

O “mood” internacional foi melhor que o ano passado (mas também não era difícil), mas a incerteza mundial, económica, política e social, ainda a marcar muita presença. O “mood” nacional, esse, na semana passada, diria melhor e mais animado, esperançado…