Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

Preços consistentes

06/07/2022

Quanto aos “fenómenos” em si, talvez não devam existir grandes dúvidas, principalmente porque já ocorreram, tal como uma tempestade, aquilo que se desconhece são os estragos que pode provocar, quando e se o seu impacto for grande.

É indispensável proteger os mais vulneráveis e para isso o estado tem um papel decisivo, principalmente neste momento em que ainda não são conhecidos os níveis de impacto económico que poderão ter:

- A inflação;

- A subida das taxas de juro;

- A alteração dos programas de compra de dívida soberana;

- A disrupção de algumas cadeias logísticas de fornecimentos globais;

- A indispensável conversão energética.

Como sempre, haverá criatividade, capacidade de adaptação, resistência, resiliência, entre tantas e tantas capacidades fantásticas que todos têm evidenciado ao longo dos tempos.

É certo que também temos:

- Uma bazuca;

- Uma reduzida taxa de desemprego;

- Muitas novas cabeças pensantes;

- Um Pais fantástico e genericamente unido.

De volta à cadência das transações imobiliárias. Eventualmente e felizmente se assim for, esta não irá ser impactada como tantas outras atividades, por motivos simples e práticos.

A vontade, o desejo ou a necessidade de alguém vender uma casa para comprar outra, não vai desaparecer com as taxas de juro ou com a inflação, quando muito poderá significar um “downgrade” para alguns ou um “upgrade” para outros.

Quem decidir comprar e para o fazer necessitar de apoio de um Banco, não irá desistir, poderá quando muito ter de reajustar as suas escolhas a uma nova realidade.

A minoria que tem condições financeiras para por vezes ir às compras imobiliárias, vai continuar a fazê-lo.

Os encantos, a atratividade, as condições que Portugal oferece aos que pensam investir no nosso País, não irão desaparecer com a inflação ou com as taxas de juro.

A cadência irá manter-se. Pessoas que vão querer vender a sua casa para comprar outra. Que irão utilizar o proveito da venda para enfrentarem uma nova aquisição.

Pessoas que irão iniciar o seu projeto de vida e vão procurar comprar uma casa, pessoas que se irão afastar e refazer as suas vidas, pessoas que irão herdar uma casa e algo terão de fazer…

Pessoas que vão querer viver fora dos centros urbanos porque a vida se tornou muito cara, outras que finalmente vão viver o sonho de viver na capital da Freguesia, do Concelho do Distrito do País.

E lá no mercado, que mais não é do que o reflexo da vontade das pessoas, teremos escassa oferta, significativos fluxos de procura e preços que para já, chamaria de consistentes.