De facto, a partir deste mês, já estamos a começar a virar a nossa atenção para 2025. O ano em curso parece estar definido, embora devemos estar preparados para um aumento da frequência de surpresas, e teremos agora a oportunidade de planear as atividades dos próximos meses. Nos últimos anos, e sobretudo desde a pandemia, o horizonte de previsibilidade reduziu-se consideravelmente. Durante a pausa desta coluna em julho e agosto, foram várias as chamadas de atenção que fui tendo para factos concretos que terão impacto nas várias áreas de atividade e, em particular, no setor da promoção e do investimento imobiliário.
A inflação e as taxas de juro. No caso da construção e de acordo com o INE, em julho de 2024, o preço dos materiais continuou a descer, com uma variação de -0,5% em relação ao ano anterior. Os dias das quebras nas cadeias logísticas parecem ter ficado para trás. No entanto, o custo da mão de obra continuou a subir, aumentando 9,1% em julho. O aumento do custo das novas habitações está assim estimado em 3,6%. No entanto, parece haver um consenso dos dois lados do Atlântico quanto ao controlo da inflação, que se aproxima da estabilização nos 2%, e à consequente evolução das taxas de juro. As recentes reduções das taxas de juro diretoras dos bancos centrais e o seu impacto imediato nas taxas de referência dos empréstimos bancários, apesar da prudência recomendada quanto a alterações futuras, representam uma redução significativa do custo de financiamento dos projetos imobiliários e da aquisição de habitação, contribuindo assim para um maior dinamismo do mercado e, não esqueçamos, para a valorização dos imóveis.
Rendas. O aumento das rendas tem sido muito noticiado, sobretudo em comparação com outros países que apresentam taxas de crescimento muito mais baixas. Nesta situação, os proprietários são quase sempre apresentados de forma negativa. O que a situação reflete, no entanto, é um mercado onde a procura excede a oferta e onde, apesar dos rendimentos “elevados”, a oferta não está a aumentar. As razões para este facto são múltiplas: desde um contexto de grande incerteza regulamentar até intervenções que limitam a iniciativa privada... Se o mercado pudesse funcionar livremente, rendimentos elevados levariam a um aumento do investimento e da oferta, e a uma consequente redução da rentabilidade e das rendas.
As condições económicas começam a favorecer um aumento da atividade para aliviar a pressão que se tem sentido no mercado imobiliário. É, pois, cada vez mais urgente estabilizar o ambiente regulatório e dar maior visibilidade futura aos investidores que, entre outros intervenientes, são parte essencial da solução.