Luís Lima
Luís Lima
Presidente da APEMIP

Prudência

15/04/2020

Os profissionais da mediação imobiliária foram finalmente integrados na linha específica de três mil milhões de euros, que estava inicialmente prevista para os sectores do turismo, restauração e indústria, que viu também o seu valor ser duplicado para um montante de 6,2 mil milhões de euros.

Até então, os mediadores tinham apenas acesso à primeira linha geral de financiamento, no valor de 200 milhões de euros, que sempre disse ser insuficiente para dar resposta às necessidades das empresas, o que se confirmou pela rapidez com que se esgotou.

O acesso a esta linha especifica não é a solução para os problemas do sector, que como outros, tais como os cabeleireiros ou outros serviços, estão de porta fechada e impedidos de realizar negócios, mas é pelo menos uma alternativa à qual as empresas poderão recorrer, e que poderá permitir a sua sobrevivência neste período em que a faturação caiu quase a 100%.

É também o resultado de um pedido de apoio que a APEMIP dirigiu ao Governo, por via da Confederação do Comércio e Serviços do qual faz parte. Nesta altura inédita que vivemos, não há que ter pudor em solicitar ajuda. Não podemos branquear a verdade que a grande maioria das empresas estão a viver. Algumas, poderão ter realidades diferentes, mas nem todas conseguem ter clientes a quem conseguem vender em planta, ou através de visitas virtuais. Esta não é a realidade da grande maioria das empresas, que está de portas fechadas.

Dentro em breve estarão cá fora os números oficiais que confirmarão a quebra abrupta que o imobiliário está a registar neste período, e que não poderá ser surpresa para ninguém: estamos encerrados devido ao plano de emergência nacional, que impede a realização de visitas, e consequentemente de negócios. Mas temos consciência e congratulamo-nos pela eficácia que estas medidas estão a ter no abrandamento da curva de propagação da epidemia.

A saúde e bem-estar de todos os cidadãos foi priorizada, e bem.

Pela frente, o sector terá desafios, que se prenderão sobretudo com uma nova alteração do paradigma de ação: será o arrendamento a estar no topo das intenções da procura dos portugueses, mas surgirá também como uma oportunidade de investimento, aliada à expectável manutenção das baixas taxas de juro.

Por outro lado, haverá uma tendência de desvalorização do património, que só será aceitável pelo reajustamento de alguns preços especulados que se estavam a praticar, sobretudo nas principais cidades. Mas não podemos nem devemos esperar mais do que um reajuste. Essa tendência de desvaliação, a que já assistimos no tempo da Troika, não tem hoje nenhuma justificação, uma vez que não há excesso de stock que à data se verificava. Bem pelo contrário, continuará a verificar-se ausência de oferta para os segmentos médio e médio baixo.

É por isso importante que o mercado saiba ser prudente quando puder retomar a sua atividade. As decisões exclusivamente emocionais já provaram ser negativas no panorama económico nacional e na vida financeira das famílias. Aconselhamos por isso à calma, à prudência e à adequação faseada da realidade, recorrendo a todos os mecanismos à disposição para mitigar os impactos desta pandemia.