Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Rentrée esperançosa

02/09/2020

A situação inédita já nos trouxe novos hábitos e uma adaptação a um “novo normal” que, na verdade, não deixa de ser mais anormal que outra coisa…

Afligimo-nos agora com a expetativa de uma segunda vaga, que parece confirmar-se com os números que diariamente nos chegam sobre a evolução pandémica no País e que confirmam que não se pode relaxar no combate ao vírus. Emergência, calamidade, contingência, confinamento, teletrabalho, desconfinamento… e a incerteza sobre o futuro.

A popularizada frase “prognósticos, só no fim do jogo” parece aplicar-se que nem uma luva, tal é a indeterminação sobre o que nos espera que nos em levado a adiar, de certo modo, a nossa vida.

No imobiliário, o ponto de interrogação sobre o que aí vem tem deixado suspensos diversos negócios. No mercado interno, as famílias vão-se retraindo com receio sobre o desenrolar da crise económica, que já se instalou e que terá efeitos nefastos sobre o emprego e a sua estabilidade financeira. No mercado externo, investidores adiam os seus investimentos, aguardando pelo desenrolar dos acontecimentos.

O meu otimismo sobre o desempenho do sector imobiliário não é hoje o mesmo de há três meses, quando o “milagre português” era motivo de atenção pelos media internacionais, mas mantém-se com as necessárias reservas impostas pela indefinição que nos traz esta situação pandémica. Sei que o imobiliário português continua a ser um bom porto seguro de investimentos e que não há nenhum motivo para que se assista a uma desvalorização dos preços das casas - à exceção das que já estejam no mercado a valores especulados (aqui, sim, é natural que haja uma correção dos preços praticados) – pelo facto de não haver excesso de stock imobiliário (bem pelo contrário, nos segmentos médio e médio baixo continua a haver falta de oferta que dê resposta às necessidades da procura) e de os níveis de endividamento serem muito inferiores àqueles que se verificavam na anterior crise, o que faz com que as expetativas se fixem na estabilização e manutenção dos preços praticados.

No entanto, por muito otimistas que sejamos, o impacto da situação sanitária não é controlável e esta incerteza sobre a resposta ao vírus e a evolução do contágio, que ditará eventuais medidas como as que já foram decretadas, têm um impacto direto sobre a procura, como é natural o que não deixa de ser uma situação preocupante, pois como em todos os negócios, o imobiliário também se faz do encontro entre a oferta e procura.

Nesta “rentrée”, mantemo-nos ainda assim otimistas, com a certeza de o imobiliário será um dos sectores que se fixará como força motriz do desenvolvimento económico, mas com o realismo necessário para enfrentar os desafios que se apresentam ao sector.