Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O que nos reserva o futuro?

30/11/2022

Há períodos em que a procura sobe, seja por que se regista um aumento do poder aquisitivo da população, o dinheiro se torna mais barato resultante de baixas taxas de juro ou por um incremento inusitado de investidores e residentes estrangeiros. Mas também, ciclicamente, atravessamos tempos em que o mercado pode ter algum tipo de alterações por razões inerentes às crises económicas, à inflação, ao aumento das taxas de juro... No mercado imobiliário, ao contrário de tantos outros, continuamos a ter produtos muito valorizados, tanto mais que a dimensão da procura por habitação excede largamente a oferta existente. E, ao contrário de tantos outros mercados, no imobiliário a “reposição” de produto é lenta, bastante mais lenta.

Os dados revelados a semana passada do último Censo à População evidenciam aquilo que temos dito recorrentemente: os preços elevados praticados nos grandes municípios urbanos – em particular Lisboa e Porto - estão a afastar para as suas periferias - cada vez mais distantes -, uma população trabalhadora que não encontra ali condições de habitação ajustadas aos rendimentos do seu agregado familiar. Trata-se de uma constatação, mas também uma oportunidade para quem promove e constrói habitação.

É certo que em tempos de retração do mercado é menor o número de transações e maior o período que decorre até se encontrar um potencial comprador para os fogos em comercialização. Mas também é nestes períodos que a mediação imobiliária profissional mais vê valorizado o seu papel e importância.

A generalidade das pessoas recorre cada vez mais aos serviços da mediação imobiliária e reconhece a necessidade em fazê-lo. Já não são precisas as crises para que os cidadãos tomem disso consciência. São conhecidos os riscos e a complexidade associados às operações de transação e a necessidade de podermos contar com um bom profissional para nos assessorar.

Isso tem conduzido a um aumento de competitividade e de responsabilidade dos profissionais da mediação, sujeitos que estão a um escrutínio diário do seu desempenho, já que as redes sociais se encarregam de propagar os bons e maus exemplos.

Numa sociedade e numa classe de empresas e profissionais em que, que durante anos, a tradição era um hábito, assistimos nos últimos anos, mais do que uma mudança, a uma verdadeira revolução em termos tecnológicos. A forma de dar a conhecer o «produto» aos potenciais interessados melhorou incrivelmente com as ferramentas tecnológicas que foram ficando ao nosso dispor.

É legítimo perguntar: isto vai ficar por aqui?

- Claro que não! As mudanças, as inovações e o uso de novas tecnologias não vão parar e há que estar atento e saber acompanhá-las.

Mas será que num futuro não muito distante a diferença vai passar por todos estes aspetos ‘operacionais’, a que juntaríamos todo o «pacote» processual e documental associado ao exercício diário da profissão? Não. Tais procedimentos tenderão a ser cada vez mais simplificados e sistematizados, numa regulação natural. A competitividade entre empresas de mediação e profissionais do setor irá dar-se, cada vez mais, no campo da informação e do marketing.

Não basta «sermos bons» e oferecermos os melhores serviços ao cliente. É preciso que ele o saiba antecipadamente, mesmo antes de nos ter consultado. Tal como em tantos outros setores, também na mediação imobiliária a confiança, ou a perceção que dela tem o mercado, é – e será cada vez mais e mais… - factor determinante e distintivo na concorrência e competitividade.

A casa é um bem precioso e, muitas vezes, único, pelo que não dá para corrermos aventuras...