Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

A resistência do imobiliário

27/04/2022

Para além das mortes e de todo o sofrimento Humano, a destruição do património, da história, dos edifícios e zonas habitacionais é também muito difícil de compreender. Depois das pessoas, o que esta guerra destrói, de modo avassalador, é o património imobiliário.

O ignóbil verbo “arrasar” implica destruir o que vem depois das Pessoas. Depois das Pessoas vêm as suas casas, as suas empresas, os seus armazéns, as suas fábricas, as suas escolas, os seus hospitais e as suas “cicatrizes históricas”, representadas naquilo que em modo “levezinho” chamamos o nosso imobiliário.

Temos de proteger o nosso imobiliário que resistiu à pandemia, às flutuações das taxas de juros e a tantos outros aspetos. Neste momento, assistimos à perspetiva do aumento das taxas de juro, ao crescimento da inflação e ao clima de instabilidade e incerteza provocado pela invasão da Ucrânia, embora estejamos relativamente longe dos acontecimentos.

No entanto, simultaneamente, o imobiliário continua a ser uma grande componente de valor. No fundo, esta situação está relacionada com uma questão fundamental: a confiança. É no imobiliário que as pessoas confiam que o seu dinheiro deverá estar resguardado ou investido.

Essa confiança associa-se a outros fatores e eventos de cariz sociológico como a progressão do trabalho, o desejo de trocar de casa, a morte, o nascimento, o casamento, a separação, etc. Sem dúvida que estes eventos impulsionam o mercado imobiliário. Afinal, uma parte muito significativa das transações imobiliárias resulta de outra transação imobiliária.

As taxas de juro não fazem com que as pessoas não comprem casa ou deixem de se casar ou divorciar. Também a inflação não faz com que as pessoas deixem de querer ter filhos. O mercado imobiliário continua a funcionar, porque há fenómenos que vão estar sempre associados e dependentes dele.

Até mesmo em 2008, no âmbito da crise financeira mundial, quando os bancos suspenderam o seu negócio de financiamento, em Portugal, continuaram a existir transações de imóveis.

O mercado imobiliário continua a ser resistente e com perspetivas de valorização, porque as pessoas vão continuar a precisar de ter um lugar para viver e, sobretudo, porque procuram um investimento. Além disso, o imobiliário é um setor que continua a adaptar-se a todas as realidades, situações e necessidades das pessoas. É importante protegê-lo.