Acredito que é provável que tal aconteça a partir do final do ano, devido a um melhor conhecimento da doença e de como tratá-la, uma avaliação correta, fundamentada e comparada dos seus riscos num contexto de saúde pública e resultado da implementação de políticas de controlo da pandemia muito mais direcionadas e com efeitos colaterais mais reduzidos. A confirmação da existência de uma vacina segura e eficaz ajudará muito ao controlo da epidemia de medo.
O impacto da pandemia será diferente nos diferentes setores, havendo que prever e gerir ajustamentos que diferem nas suas dimensões e características. Mas o essencial será mantermos, todos e em conjunto, a confiança dos investidores e clientes finais. O excesso de liquidez e juros baixos deverão manter-se durante a retoma.
No segmento residencial em Portugal e no médio prazo, acredito que o grande desafio será institucional. Temos que evitar que as entidades licenciadoras e os bancos atrasem seriamente a recuperação do setor pelo atraso nos processos de decisão e por introdução de maiores exigências burocráticas. Sabemos bem que nestas alturas ganham peso nas organizações os "velhos do Restelo" e os militantes das "forças de bloqueio". As empresas do setor têm que trabalhar em conjunto com aquelas instituições para não comprometer a dinâmica do investimento estrangeiro e do mercado interno nem atrasar a aplicação dos fundos europeus nos próximos 2 ou 3 anos, absolutamente críticos para a retoma do setor.