Carolina Santos
Carolina Santos
Técnica Especialista na Direção de Edifícios e Eficiência de Recursos da ADENE

O segredo para casas confortáveis e saudáveis

08/11/2023

Estas fragilidades nas construções acabam por se traduzir em casas menos eficientes, potenciadoras de maiores consumos, e, principalmente, mais desconfortáveis para os seus ocupantes. 

Existe uma ferramenta com a qual é possível conhecer, em detalhe, cada habitação e o seu potencial de melhoria. Este documento é o Certificado Energético (CE) e nele são detalhadas as características das soluções construtivas e sistemas técnicos instalados, o desempenho energético da habitação (apresentado numa classe de F a A+) e um conjunto mais alargado de indicadores energéticos. Igualmente importante é a proposta de medidas de melhoria que podem ser implementadas no edifício. Recorrendo ao Certificado Energético e ao técnico experiente que o emite, o Perito Qualificado, é possível ter uma estratégia e um acompanhamento para a renovação dos edifícios com foco nos componentes com necessidades mais urgentes de intervenção. 

A primeira etapa passa pela intervenção nas soluções construtivas, na chamada componente passiva do edifício. A aplicação ou reforço do isolamento térmico de paredes e coberturas deve ser o primeiro passo, seguido da instalação de janelas eficientes com as devidas proteções solares ou dispositivos de sombreamento. Contudo, é importante referir que a substituição das janelas torna a habitação mais estanque, podendo comprometer a renovação do ar no interior e potenciar o aparecimento de condensações, fungos e bactérias que têm um impacto negativo na saúde dos ocupantes. Assim, importa igualmente implementar soluções que garantam uma adequada ventilação no interior da habitação.

Após a melhoria na componente passiva do edifício deve ser dada atenção aos sistemas de climatização e eventuais contributos de energia renovável.

É esta a estratégia de renovação adotada pelos Peritos Qualificados e que consta nos certificados energéticos emitidos. Na análise aos CE de edifícios renovados é notória uma melhoria significativa do desempenho energético destes elementos construtivos, em linha com o exigido a edifícios novos. Nestes edifícios, as previsíveis necessidades de consumo energético são reduzidas em mais de 40%, em comparação com os edifícios antes de serem renovados. 

É ainda possível verificar que cerca de 40% dos edifícios renovados atingem as classes de B- a A+, e que, em termos de conforto térmico, estas renovações resultam no aumento de 1,5⁰C na temperatura interior das habitações, nos meses mais frios, sem recurso a sistemas de climatização.

Ainda que estas renovações em Portugal ocorram em número reduzido, verifica-se que a melhoria dos edifícios tem consequências bastante positivas, com impacto direto no conforto e saúde dos ocupantes e contribuindo para o alcance dos objetivos estratégicos do país no que toca à energia.

Naturalmente, este caminho da renovação do parque deve ser complementado com mecanismos de apoio ou programas de financiamento, que permitam acelerar este processo, potenciando as intervenções, mais ou menos profundas, que os edifícios necessitam.