Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Sem surpresas

30/09/2020

Se, em janeiro deste ano, me perguntassem as minhas expetativas sobre o desempenho do sector, nunca me passaria pela cabeça uma quebra desta natureza. Estávamos preparados para um ligeiro aumento do número de vendas, eventualmente de uma manutenção assente sobretudo na falta de stock que se fazia sentir, mas nunca um cenário destes.

Ainda assim, os números não trazem surpresas. O decréscimo na venda de casas neste período já era esperado, uma vez que compreendeu o período de Estado de Emergência e de confinamento.

Apesar da quebra no número de transações efetuadas no segundo trimestre, o Índice de Preços da Habitação registou uma subida de 7,8% em termos homólogos, o que acaba por ser prova da sanidade do mercado.

Não é assim tão surpreendente que, mesmo durante a pandemia, o imobiliário continue a registar subidas no segmento habitacional. Apesar de nas principais cidades os preços terem aumentado de uma forma mais célere, no resto do País esta valorização tem sido mais gradual, ajustando-se à procura e ao stock existente.

No entanto, torna-se cada vez mais complexo antecipar os cenários que nos esperam. O impacto que a pandemia tem nas empresas e na vida laboral dos jovens e famílias terá decerto impacto no comportamento do mercado.

Felizmente, as medidas excecionais de proteção dos créditos das famílias e empresas, passarão a vigorar por mais seis meses do que o prazo estabelecido de 31 de março, estendendo-se a 30 de setembro de 2021, o que é efetivamente uma boa notícia para todas as partes.

No entanto, é natural que, a determinada altura, o receio e instabilidade financeira passem a ser um travão ao investimento. Como tal, é absolutamente fundamental que o mercado se saiba preparar para aceitar e gerir as mudanças de paradigma que farão parte da nossa realidade, e que irão passar, decerto, por alternativas como a aposta no arrendamento de longa duração.

Um pouco à semelhança do que aconteceu na anterior crise, sobreviverão as empresas que saibam adaptar-se a uma nova realidade, em que o papel da mediação imobiliária se torna particularmente relevante devido a uma eventual dificuldade que possa existir em promover o encontro entre a oferta e a procura. Este será também um momento chave para demonstrarem o seu valor, que pode e deve passar pela aposta na qualificação dos seus profissionais, pois em todos os momentos, e em particular em períodos como este, sobrevivem os melhores.

E são os melhores, que desenvolvam um trabalho assente na segurança e transparência dos negócios, que queremos a representar o sector imobiliário.