Organizada pela Vida Imobiliária e pela Promevi, a Semana da Reabilitação Urbana conta com diversos parceiros, entre os quais a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), que se unem para promover a discussão sobre este que continua a ser um tema central no debate imobiliário do País, num formato que se adapta as necessidades que os tempos exigem e que não posso deixar parabenizar, pelo esforço de manter no panorama nacional a discussão sobre temas que continuam a ser tão relevantes.
Recordo que no decorrer da última crise a aposta na Reabilitação foi um verdadeiro desígnio nacional, particularmente realçada no período da intervenção da Troika, em que vimos o mercado imobiliário migrar do paradigma da construção nova para o da reabilitação urbana, que acabou por ser particularmente acentuado numa fase posterior de dinamização dos programas de captação de investimento estrangeiro.
Muitos foram os ativos que vimos ser recuperados, num comboio que tardou a arrancar, mas que ao entrar nos carris lavou a cara das nossas cidades com investimento privado, tornando-as mais seguras e bonitas.
No entanto, de acordo com a informação divulgada pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOP), o nível de atividade no mercado da reabilitação urbana registou em setembro uma tendência decrescente, com este índice registar quebras na ordem dos 9,1% em termos homólogos.
Apesar desta tendência, não há quaisquer dúvidas de que é absolutamente necessário continuar a olhar para a reabilitação urbana não só como uma alternativa, mas como um imperativo ético, naquela que deveria ser a senda da reconstrução, regeneração e proteção do património construído, que continua a ser fundamental no parque imobiliário nacional.
Continua a haver um longo caminho a percorrer, uma vez que ainda se vêm muitos imóveis degradados e devolutos, que merecem ser alvo de reabilitação quer por motivos de segurança, quer pela estética das cidades, quer pela necessidade de introduzir no mercado ativos, sobretudo habitacionais, que possam aumentar a oferta existente e assim dar resposta aos desequilíbrios que temos assistido entre a oferta e a procura.
Lado a lado com a construção nova, pensada e dirigida para o grosso da sua procura que tem particular enfoque nos segmentos médio e médio baixo, que continuam a não ter no mercado, sobretudo nas principais cidades, ativos que possam dar resposta àquelas que são as suas necessidades e possibilidades, reabilitação e construção devem, sempre que possível, coexistir.