Manuel Reis Campos
Manuel Reis Campos
Presidente da CPCI e da AICCOPN

O Setor é fundamental para a redução da dependência energética

08/06/2022

As metas estabelecidas são ambiciosas e, para além de se defenderem investimentos na infraestrutura energética europeia, reconhece-se, em particular, a importância da eficiência energética e da mobilização das empresas e dos particulares neste domínio.

“A poupança é a forma mais rápida e mais económica de fazer face à atual crise energética”, refere a Comissão Europeia e, efetivamente, é este o caminho a prosseguir. Portugal é apontado como um bom exemplo em matéria de energias renováveis e, no nosso Setor, a transição energética e digital é um elemento determinante, que está em curso. A Indústria 4.0 ou, mais precisamente, a Construção e Reabilitação 4.0, a construção industrializada, as ferramentas BIM – Building Information Modeling, entre muitos outros exemplos, são já uma realidade, que demonstra o potencial que a introdução de novos processos, sistemas construtivos e materiais representa ao nível da eficiência no uso de recursos e, consequentemente, da diminuição da nossa dependência energética. É preciso intensificar e alargar este processo à generalidade das empresas, em particular às micro e PME’s que constituem a base do tecido empresarial e, para isso, como defendemos, são necessários apoios efetivos à sua modernização e capacitação, a par de uma efetiva reorientação da formação profissional. Os centros de formação de excelência do Setor, o CICCOPN e o CENFIC, têm, aqui, um papel determinante a desempenhar na criação de competências e na adequação da resposta às necessidades do mercado de trabalho, tanto imediatas, como futuras.

Simultaneamente, a melhoria da eficiência energética dos edifícios e a reabilitação urbana, são vetores prioritários. É possível reduzir o consumo da energia, aumentando a qualidade e conforto do património edificado, tornar os territórios mais resilientes, competitivos e capazes de atrair investimento, bem como responder às carências mais graves no plano habitacional. O PRR reflete essa prioridade, já que coloca os investimentos na habitação e na eficiência energética em destaque, mas é necessário promover e dinamizar o investimento privado, ganhando uma escala mais expressiva, que permita responder à urgência da situação que enfrentamos.

Os impactos da guerra na Ucrânia estão longe de estarem ultrapassados e representam um sério risco para a recuperação económica de uma Europa que ainda lida com as dificuldades impostas pela pandemia. Porém, a diminuição da dependência energética é um imperativo e o Setor da Construção e do Imobiliário tem respostas concretas, imediatas e eficazes. Com o envolvimento de todos, famílias, empresas e Estado, esta é uma batalha que pode e deve ser vencida.