Luís Lima
Luís Lima
Presidente da APEMIP

Situação inédita exige medidas inéditas

18/03/2020

Avizinham-se tempos muito complicados para a economia. A progressão do surto de COVID-19 tem sido mais rápida do que gostaríamos e esperaríamos, e a propagação do vírus vai para além da saúde pública. A economia mundial está já profundamente infetada.

Nenhum sector será imune ao impacto deste surto e a prova disso, é a comparação que se tem feito com os tempos de guerra. E, o pior, é que não há nenhuma ideia de quando é que esta situação poderá ter fim.

Os pontos de interrogação são mais que muitos. Ninguém estava preparado para algo desta dimensão. Mas as micro, pequenas e médias empresas, em particular, estão de mãos atadas a ver o embate nefasto desta pandemia a entrar-lhes pela porta a dentro. Este COVID-19 irá afetar as empresas de uma forma tão nefasta, que será impossível não assistir à sua taxa de mortalidade a crescer. Mas o Estado terá um papel preponderante neste momento, e poderá fazer com que os números não sejam tão dramáticos, caso tome desde já medidas profiláticas que ajudem as empresas a suportar o barco que se afunda.

Todos estamos ansiosos, preocupados e confusos por não sabermos como enfrentar uma situação que é inédita, mas é urgente tomar medidas imediatas de proteção das PME’s.

Falo da implementação de medidas como o adiamento no pagamento de IVA, ou de IMI, suspensão de penhoras fiscais, ou a implementação de moratórias para créditos, aplicadas desde já, antes que as empresas entrem em descoberto.

Num período em que se prevê uma eventual quebra de rendimentos para as famílias, também a elas deve ser dado algum alívio financeiro, nomeadamente através do adiamento do pagamento das prestações de crédito à habitação, por exemplo, que já está a ser implementado em países como a Itália.

Neste momento, o Estado e o sector bancário nacional, devem estar coordenados e em diálogo constante para dar o seu apoio às empresas e à Economia.

O mesmo diálogo que o Governo e os partidos também devem ter, num momento que só pode ser de união nacional. Todos devemos estar alinhados na defesa dos cidadãos e da economia. Não se pode admitir que num período como este, haja espaço para eventuais aproveitamentos, sejam eles de que natureza forem, face à fragilidade económica que estamos a sentir.

Tem que haver consciência coletiva, e o exemplo deve vir de todos, porque as responsabilidades pelas eventuais medidas inéditas que se tomarem, também têm que ser coletivas.

Esta é uma situação nunca antes vista, e exigem de todos muita prudência, mas também muita coragem para assumir que só unidos e com medidas robustas e imediatas, conseguiremos minimizar, dentro dos possíveis, o impacto desta pandemia.