Como expectável, os números não foram os mais otimistas: 97,4% das empresas declarou ter registado uma quebra da procura no último mês. 78,1% afirmaram que os seus clientes desistiram dos negócios que tinham em curso. Algumas revelaram ter tido desistências de negócios, mesmo após a celebração do contrato de promessa de compra e venda.
Há quem defenda que a APEMIP, não deveria revelar números tão pouco animadores. Sempre tive a noção do impacto que as notícias negativas têm no panorama dos negócios, e defendi publicamente muitas vezes que é preciso ter muita atenção à informação que se transmite sobre o mercado, mas neste momento, não considero que se deva branquear aquela que é a realidade das imobiliárias, e não apenas as portuguesas, que na sua grande maioria suspenderam a atividade, e que por mais criativas que tentem ser, aderindo a novas plataformas tecnológicas para fazer visitas virtuais, por exemplo, terão pela frente uma situação complicada.
Infelizmente, no imobiliário não temos as alternativas que se apresentam noutros sectores, como o teletrabalho, o take away ou as promoções e tentadores descontos, que nos permitam realizar faturação. É difícil delinear uma estratégia para um segmento tão importante quanto este, quando não sabemos quanto tempo vai permanecer esta situação.
Na sua grande maioria, são micro ou pequenas empresas, que todos os dias se questionam sobre como será o dia de amanhã e como poderão assumir as suas responsabilidades.
Todas as semanas são anunciadas diversas medidas relativas ao impacto do Covid na economia, e não há dúvida de que são necessárias, mas ainda não estão adaptadas às necessidades do tecido empresarial nacional que é maioritariamente composto por PME’s.
São insuficientes e hiperburocráticas, afastando muitos daqueles que apesar de precisarem de apoio para conseguir atravessar este período, se vêm impedidos por não conseguir atestar, em tempo útil, todos os requisitos solicitados.
41,9% das empresas inquiridas considerou avançar com a opção de lay-off simplificado. Mas nesta alternativa, ficaram de fora os gerentes e administradores das PME’s.
Milhares de microempresários, ficaram assim sem qualquer apoio e mereciam ser pelo menos incluídos neste regime de proteção dos postos de trabalho.
Como já tenho dito, os tempos são inéditos e por isso exigem medidas inéditas. E o sector imobiliário, tem que ser considerado neste panorama, para que, quando tudo passar, possa estar cá, vivo, a apoiar a recuperação económica do País, revelando ser uma das forças motrizes da economia como, há bem pouco tempo, demonstrou ser.