Nos setores da promoção e do investimento imobiliário nos quais o nosso País tem conseguido atrair muitas empresas internacionais, o conhecimento destas tendências torna-se cada vez mais relevante. O facto de nem sempre sermos mencionados (Lisboa não aparece num comparativo das dez principais cidades europeias para investimento imobiliário) permite-nos também não só enquadrar mais corretamente a dimensão do nosso mercado, mas também a sua maturidade. E não se trata de diminuir a nossa importância, mas sim de perceber que a nossa posição e atratividade são ainda muito recentes e que ainda há muito caminho pela frente para nos robustecer.
Por outro lado, este enquadramento internacional permite também perceber que partilhamos muitas das questões que se colocam noutras geografias. Um estudo recente da consultora PWC sobre tendências globais no imobiliário identifica os principais temas de preocupação de um setor em recuperação que passo a enumerar. Do ponto de vista financeiro e económico, as taxas de juro, a disponibilidade de mão-de-obra qualificada, o crescimento do emprego e do rendimento, a inflação e a disponibilidade de capital ocupam o topo das questões do setor. Do ponto de vista das questões sociais e políticas, o custo e disponibilidade da habitação, os conflitos geopolíticos e os extremismos políticos ocupam o pódio. Já no campo das questões imobiliárias e de desenvolvimento, o custo da mão-de-obra e a sua disponibilidade, o custo dos materiais e a regulamentação estatal e municipal aparecem entre as principais preocupações.
Atendendo às várias questões/preocupações enumeradas, nomeadamente à habitação e à regulamentação, poderíamos afirmar com convicção de que o estudo se referia ao mercado português. No entanto esta lista corresponde ao inquérito feito no mercado norte americano.
A internacionalização e globalização do setor torna-se desta forma mais evidente. Existindo recursos mais escassos e mais caros, a concorrência aumenta e a escolha de projetos torna-se mais exigente. Apesar das nossas especificidades (e as de todos os outros) é importante compreender que não nos movimentamos separadamente desta realidade. E perceber que passos em falso poderão obrigar a um período de recuperação ainda maior.