Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

A transição energética

11/05/2022

É certo que não haverá transição energética sem custos. Se, por um lado, a generalidade das pessoas aceita o argumento como certo, por outro talvez seja importante apurar quem são os destinatários dos tais custos.

E também começa a ser relevante perceber que somos todos nós. A conversão energética e a implementação de recursos mais sustentáveis vão ter incontornavelmente custos para todos.

Em 2021, mais de 87% dos imóveis transacionados em Portugal eram usados, os quais, por norma, relativamente à sua eficiência energética não chegaram sequer à classificação de A, B ou C.

Teoricamente podemos afirmar que previsivelmente 87% no nosso parque habitacional precisa de ser intervencionado. É claro que já tiveram início programas de apoio à beneficiação energética das habitações e muito tem sido feito. No entanto, importa ter consciência que está quase tudo por fazer, que deve ser feito e que terá um custo.

Entre tantos outros aspetos é hora de olhar para o certificado energético de um imóvel, como um aspeto muito relevante e indicador do nível de intervenção que determinada casa necessita para cumprir com as metas básicas de eficiência do ponto de vista energético.

O certificado energético não deve ser encarado como um mero procedimento administrativo, deve cada vez mais ser representativo de algo que pode estar bem ou mal. Estando bem, ou seja, tendo um imóvel boa nota relativamente à sua eficiência, o Estado deve encontrar formas de premiar o seu proprietário e são inúmeras as formas fiscais de o fazer, têm é de ter significado proporcional ao investimento feito para atingir a tal boa nota.

Estando mal, ou seja, tendo nota má, previsivelmente esse facto irá refletir-se na depreciação do seu valor global, uma vez que ainda terão de ser feitos os investimentos necessários para melhorar a sua eficiência energética.

Hoje estamos ainda muito distantes dos “mecanismos” atrás descritos, mas estes, num futuro próximo, irão fazer parte da nossa realidade, seja por via da maior consciencialização dos proprietários de amanhã – seguramente muito mais exigentes em termos de cultura ambiental – seja de modo muito mais rápido, porque o nosso governo passou a premiar com significado aqueles que superam as metas.