Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

As zonas periféricas

20/04/2022

Há obviamente alguns locais em Portugal – como Lisboa, Porto e Algarve – que atingiram preços muito elevados, devido ao aumento da procura. No entanto, temos assistido à expansão da procura para zonas menos centrais (um pouco afastadas das grandes cidades), onde há muitas oportunidades a preços significativamente mais baixos.

Nos últimos anos, do ponto de vista da intervenção urbanística, têm existido imensas restruturações. Nas periferias urbanas, hoje em dia encontramos espaços muito agradáveis – com zonas verdes, novas edificações e acesso a serviços essenciais. De certa forma, a ideia de “zonas de dormitório” tem vindo a desvanecer-se ao longo do tempo.

Não acredito que a descentralização ocorra por decreto. A descentralização pode ocorrer quando a vontade das pessoas passa por experienciar um novo modo de vida num outro local que não é forçosamente um grande centro urbano.

No contexto atual de mudança de hábitos e necessidades, muitas pessoas não precisam de estar fisicamente no local de trabalho ou empresas, muitas delas localizadas nos grandes centros urbanos. Há mais flexibilidade.

Se nós nos deslocarmos aproximadamente cerca de 30km de Lisboa ou Porto, para zonas onde encontramos aldeias e vilas, que não são caracterizadas como periferias urbanas, mas sim localizações com significativo teor rural, é possível encontrar casas com preços muito interessantes. Habitações essas que podem ser adquiridas a preços que não são comparáveis aos das grandes cidades. São realidades de valor totalmente díspares.

Claro que muitas destas habitações precisam de ser reabilitadas, mas podem ser ótimas propriedades, com acessos rápidos a um grande centro urbano.

Nestas localidades, as pessoas encontram formas de vida mais próximas de atuais tendências, maior contacto com a natureza, menor poluição, alimentação orgânica, mais espaços para exercício físico, maior preocupação com questões ligadas à sustentabilidade, etc.

A falta de habitação a preços acessíveis nas grandes cidades e as mudanças de hábitos levaram a que muitas pessoas questionassem a sua habitação. Cada vez mais, vemos pessoas a procurar concelhos onde podem ter uma qualidade de vida adequada, sem que precisem de se sujeitar à vida das grandes cidades.

Está na hora de pensarmos que Portugal não é simplesmente Lisboa ou Porto, mas sim um vasto território com fantásticas vilas e aldeias de norte a sul do país.