Janelas eficientes: vidro é indispensável para o conforto acústico

24/07/2024
Janelas eficientes: vidro é indispensável para o conforto acústico

O vidro é um componente essencial de uma janela eficiente e “o retorno desse investimento é extremamente impactante para o conforto da casa, para a saúde e bem-estar”, refere a ANFAJE ao Público Imobiliário. A associação dos fabricantes de janelas eficientes apela à criação e colocação em prática de programas e medidas públicas de apoio a zonas mais afetadas pelo ruído (edifícios em corredores dos aviões dos aeroportos, linhas de caminho-de-ferro e autoestradas). Mas, para tal, e tendo em conta a inovação crescente nas soluções de vidro existentes, é necessário fazer a escolha certa para cada necessidade.

João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE – Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes, lembra que “é necessário escolher adequadamente o tipo de vidro que vamos colocar na nossa janela”. No que toca à térmica, os vidros têm a capacidade de isolar o edifício do calor e do frio, e também podem garantir uma proteção adequada à ação dos raios ultravioleta. No entanto, o vidro adequado pode também ser fundamental na proteção antirroubo dos edifícios, nomeadamente a instalação de vidros laminados. “Se um ladrão quiser entrar pela janela, vai demorar mais tempo… vai tentar quebrar o vidro, e demorará a ter sucesso, porque ele não se vai partir facilmente. Com isso, o ladrão vai desistir de assaltar aquele edifício, já que procurará um alvo mais fácil”, exemplifica João Ferreira Gomes.

Vidro adequado pode evitar acidentes graves, e deve ser prioridade nos espaços públicos 

A escolha do vidro adequado pode proteger de acidentes graves, como choques e ferimentos de pessoas e animais quando embatem em portas ou janelas, se forem escolhidos vidros laminados ou vidros temperados. Por isso, segundo a ANFAJE, “é fundamental que a escolha do vidro tenha em consideração, a fachada da casa e qual a função do espaço interior para que solução de vidro se adeque a cada caso”.

Numa altura em que está em curso a reabilitação de vários edifícios de serviços públicos de utilização coletiva, como escolas ou hospitais, a ANFAJE alerta para a importância da instalação de janelas e portas eficientes com vidros que ofereçam segurança ao choque. Nestes casos, deve sempre optar-se por instalar vidros temperados, que evitam danos corporais significativos em caso de choque acidental, sobretudo em edifícios utilizados por crianças. “Devemos e temos de escolher o vidro adequado para salvaguardar a segurança das nossas crianças. Isso passa por instalar o vidro adequado nas montras e janelas”, defende João Ferreira Gomes.

ANFAJE pede estratégia e apoios públicos para a melhoria do conforto acústico das habitações localizadas em zonas com imenso ruído

Os vidros são essenciais para combater o ruído indesejável. Os edifícios localizados em zonas com muito ruído, junto aos aeroportos, linhas ferroviárias e rodoviárias com tráfego intenso, carecem da instalação de janelas eficientes dotadas de vidros acústicos. “É fundamental escolher o vidro adequado para zonas com muito ruído de tráfego. Não podemos estar dentro de casa e estar a contar aviões…”, defende a ANFAJE.

É de saúde que se fala. De acordo com um estudo recente da ZERO, vivem cerca de 414.000 pessoas, num raio de 5 km do aeroporto de Lisboa, particularmente afetadas pelas partículas ultrafinas emitidas pelos aviões e pelo excesso de ruído, fatores que, sugere o estudo, são potenciadores de milhares de casos de doenças como a hipertensão, diabetes ou demência.

João Ferreira Gomes defende que, à semelhança de outros países, como Espanha ou França, “é essencial que as autoridades públicas, juntamente com as entidades concessionárias das infraestruturas, considerem a possibilidade de dar apoios financeiros aos moradores de habitações na confluência dos corredores de aproximação e descolagem de aviões, para que possa ser feita a instalação de novas janelas eficientes dotadas de vidro acústico reforçado, que permitam o conforto necessário dentro das habitações. As autoridades deveriam ter já um programa de apoio para minorar os impactos negativos do intenso tráfego aéreo, desenhando programas e medidas para o efeito”, defendendo um acordo entre o Governo e a ANA neste sentido.

Agora que foi decidida a localização do novo aeroporto e avançam as novas linhas de alta velocidade, pode ser a altura ideal para delinear um plano deste género, para minimizar os impactos desde a fase inicial da sua construção, “de forma concertada”. Ainda para mais sabendo que “a instalação de novas janelas eficientes é a obra mais fácil de executar e com maior (e rápido) impacto na atenuação acústica”.

Seja como for, o equilíbrio da escolha pode ser conseguido consultando especialistas de janelas eficientes, que podem dar aconselhamento técnico específico para escolher o vidro adequado para cada uma das janelas da casa. E, tendo em conta que, em princípio, uma janela eficiente será “para a vida”, é ainda mais importante garantir a escolha certa. “Obviamente que um vidro normal não terá o mesmo custo que um vidro laminado acústico, por isso é necessário ter em consideração que os preços podem variar, mas o retorno desse investimento é extremamente impactante na saúde e bem-estar das pessoas e no conforto das suas casas”.

ANFAJE questiona ambições do novo Governo quanto aos programas de apoio 

De acordo com a ANFAJE, é importante conhecer as ambições do novo Governo relativamente aos programas de apoio à melhoria do conforto e eficiência energética dos edifícios portugueses que têm estado em vigor, como o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S) e o Programa Vale Eficiência, ambos geridos pelo Fundo Ambiental.

A ANFAJE tem vindo a questionar sobre o resultado das 80.000 candidaturas feitas ao PAE+S e que têm vindo a aguardar resposta, tendo em conta que “uma grande parte dessas candidaturas correspondem a proprietários que realizaram a substituição de janelas antigas por novas janelas eficientes, com o objetivo de melhoria do conforto das suas habitações. Fizeram obras, investiram o dinheiro, e só serão reembolsados quase um ano após a submissão das candidaturas, quando o regulamento do PAE+S 2023 não previa esta situação. No entanto esperamos que, de acordo com a informação do Ministério respetivo, a análise das candidaturas e os respetivos pagamentos possam ser realizados até final deste ano e que haja a possibilidade de melhorar os próximos avisos. É necessário um Simplex neste tipo de programas já que o custo e tempo de análise das candidaturas é superior ao benefício para todos”. E remata: “os programas não estão, de facto, a dar resposta adequada às expetativas e necessidades dos portugueses e do parque edificado, comprometendo as metas que Portugal tem vindo a assumir perante a Comissão Europeia”.

O presidente da associação apela a que o Governo imprima mais ambição neste tipo de programa, eliminando entraves e burocracias desnecessários. “Portugal tem metas muito exigentes para alcançar relativamente à questão da descarbonização da economia e da melhoria da eficiência energética dos edifícios. Continua a estar muito por fazer, pelo que esperamos que este novo Governo possa dar um contributo fundamental para que esta área continue a impulsionar o crescimento da economia portuguesa”. E garante que “a ANFAJE continuará a apresentar medidas positivas para acompanhar as novas políticas, medidas e ações que possam vir a ser definidas nas áreas da habitação e da eficiência energética dos edifícios”.