Carlos Moedas: “O futuro será das cidades, não dos países”

15/06/2021
Carlos Moedas: “O futuro será das cidades, não dos países”

«O futuro será das cidades, e não dos países», acredita Carlos Moedas, candidato à Câmara Municipal de Lisboa, que se propõe a transformar a capital portuguesa numa «cidade dos 15 minutos», onde todos os serviços podem ficar a apenas 15 minutos a pé ou de bicicleta.

Carlos Moedas foi o convidado do mais recente Almoço-Conferência, organizado pela VI e pela APPII, que se realizou esta segunda-feira, dia 14 de junho, no Clube – Monsanto Secret Spot, em Lisboa, onde apresentou a sua proposta para o futuro de Lisboa, com especial foco na componente imobiliária. Como ponto de partida, destacou que 50% da população mundial já vive nas cidades, onde se consome 75% da energia e se produzem 80% das emissões de gases com efeitos de estufa, pelo que «os grandes problemas só podem ser resolvidos nas cidades», que terão «uma grande fusão com o digital» e serão «o centro do mundo».

Neste contexto, «se Lisboa quiser concorrer, tem de estar na “Liga dos Campeões” das grandes cidades, e já começou a ficar para trás», dando o exemplo da saída da cidade da NOVA SBE, da Faculdade de Medicina da Universidade Católica ou da Escola Superior de Dança, o que classifica como «perda de centros de conhecimento».

Carlos Moedas defende uma Lisboa com «mais ambição», e foca a sua candidatura nos pilares da tecnologia, cultura e pessoas. Considera que «o imobiliário é fundamental para uma cidade tecnológica, este é também um projeto imobiliário, pois sem ele não há investimento na tecnologia», dando o exemplo de espaços como o Hub Criativo do Beato, que quer dinamizar.

Por outro lado, propõe-se a dinamizar a cultura, enquanto fundamental para cidades inovadoras, nomeadamente ao nível dos eventos e do investimento «através do mérito dos projetos culturais», mudando «a lógica de subsidiação» ou criando novos projetos de teatro e artes para os mais novos ao nível da freguesia.

Na componente das pessoas, e porque «o Estado Social central está fragilizado», Carlos Moedas propõe-se a dar mais apoio, nomeadamente aos mais velhos, por exemplo ao nível da saúde, com assistência médica a cargo do município ou outros programas.

Mas foca essencialmente a sua atenção na habitação e nesta “cidade dos 15 minutos”, que «ainda só existe na freguesia de Alvalade», segundo um estudo recente. «Precisamos de mais jovens e de resolver os problemas da cidade, que não mudaram assim tanto nos últimos 10 anos». Destaca também a necessidade da flexibilidade de usos dos ativos imobiliários, defendendo «a flexibilização da economia» e da rentabilização «social» dos ativos da cidade.

Licenciamentos “têm de ter um deadline”

Carlos Moedas responde à preocupação do imobiliário com os tempos dos licenciamentos camarários afirmando que estes «têm de funcionar. Temos de ter um deadline muito preciso, que não demore mais de 3 meses se o projeto não depender de consulta a outras entidades além da Câmara», exemplifica. E defende que «temos de ter regras claras de urbanismo, não podem ser demasiado subjetivas».

Concorda também com um pedido antigo dos promotores imobiliários, a criação de um gestor de projeto: «proponho um responsável com ligação direta ao Presidente da Câmara, num novo “workflow digital”. Alguém que tenha poder junto dele».

Para «mudar a máquina administrativa», propõe-se a trabalhar na «relação entre os serviços», admitindo que «a gestão é o que me move». Quer «instituir células de transformação», nomeadamente nos licenciamentos, numa «reforma interna da Câmara, onde o Presidente é gestor».

“Não podemos ter uma solução única” de renda acessível

Carlos Moedas não deixou de referir a necessidade de renda acessível da cidade de Lisboa, mas considera que o modelo atual ainda «não funcionou». Considera que «a CML tem de ter programas que funcionem, e não podemos ter uma solução única», dando o exemplo de cooperativas, do financiamento do diferencial entre as rendas de mercado e as rendas acessíveis, ou de acordos de direitos de superfície, tudo «soluções que os privados vejam que funcionam», conclui.

Redução dos impostos na habitação dos mais jovens

O candidato à CML promete de forma clara «medidas de redução de impostos para os mais jovens na cidade», nomeadamente ao nível do IMI ou IMT. Considera que «a CML tem uma ótima capacidade financeira, e queremos devolver algum desse dinheiro à cidade».